BARBOSA, CONY, E OS PARTIDOS DE MENTIRINHA

Por Danilo Rizzo
Sou um defensor da liberdade de expressão, já escrevi sobre isso há algumas semanas no artigo Para Não Dizer Que Não Falei de Feliciano. E me sinto na obrigação de tocar novamente no assunto depois da grita geral a respeito da mais recente declaração do Presidente do STF, o Ministro Joaquim Barbosa.
O hoje presidente, eleito quase unanimemente, virou celebridade da noite para o dia, ao melhor estilo BBB, após seu desempenho como relator do julgamento do ‘Mensalão do PT’, e instantaneamente tudo o que era dito pelo, até então, coadjuvante Ministro, virou notícia. Desempenho, aliás, que o alçou ao patamar de herói nacional de parte da população. Desde que assumiu a Presidência do STF, Barbosa coleciona frases polêmicas, criticou os advogados ao dizer que a maioria deles acorda “lá pelas 11h da manhã”. Foi além, aos juízes de direito disse que “há muitos para colocar para fora.”, quanto à relação entre magistrados e advogados concluiu: “Esse conluio entre juízes e advogados é o que há de mais pernicioso. Nós sabemos que há decisões graciosas, condescendentes, absolutamente fora das regras”. Ainda a respeito do judiciário, o Ministro Presidente bateu duramente na criação de quatro nos Tribunais Regionais Federais, afirmando que agiram de forma ‘sorrateira’ os envolvidos nessa aprovação. Recentemente, mais precisamente em 20/05/2013, Joaquim Barbosa fez sua mais recente declaração polêmica, sobre os partidos políticos, a qual não transcreverei, mas peço que os leitores assistam ao vídeo a seguir, que traz a integra dessa protestação.


Tenho acompanhado, enquanto cidadão e jurista, os movimentos, protestos e declarações do Ministro Presidente Joaquim Barbosa, e concordemos ou não com o que ele diz, mas percebe-se nele uma retidão e coerência dignas de elogio. Sua postura como relator do processo do ‘Mensalão do PT’ e suas declarações pós-processo, seguem um mesmo pensamento de justiça, apartidarismo e busca pela verdade e pelo bem comum. Barbosa não critica o partido ‘A’ ou o ‘B’, o político ‘A’ ou o ‘B’, o juiz ‘A’ ou o ‘B’, ele critica a conduta, a má gestão pública, os atos imorais, sejam quais forem, cometidos por quem for. Joaquim Barbosa conquistou a admiração de boa parte da população brasileira por falar o que pensamos e sentimos sobre congressistas, lobistas, magistrados, etc. Os brasileiros se sentem representados por Barbosa, por seu inédito senso de protetor da res publica e inabalável exercício de liberdade de expressão.
Há alguns dias ouvi na rádio CBN os comentários do ótimo trio Carlos Heitor Cony, Artur Xexéo e Viviane Mosé, e o tema era: Devemos ter a mesma coragem de Joaquim Barbosa para enfrentar os problemas políticos. Vivi foi a primeira a falar de deu uma aula de bom senso, enalteceu as virtudes de Barbosa e atacou os que tentam desqualifica-lo e mudar o foco dos temas por ele discutidos. Xexéo foi pelo mesmo caminho favorável das declarações do Ministro, e alfinetou nossa inabilidade em reconhecer um líder num posto tão poderoso como é o de Presidente do STF. Infelizmente, pois nada tenho contra ele, Carlos Heitor Cony fez declarações no mínimo macambúzias a respeito do tema. Com o botão de censura ligado, passou a criticar as declarações de Barbosa sob o pretexto de que ele, enquanto magistrado, só poderia manifestar-se em plenário e quando provocado. Tentou ainda afastar de seu discurso o cerceamento da liberdade de expressão. Inútil, estrago feito, declaração inapropriada e infeliz justamente de um escritor de tamanha projeção, e que, ainda hoje, recebe pensão governamental a título de indenização pelos danos morais e matérias causados pela censura da época da ditadura militar. Coincidência ou não, o quadro no Jornal da CBN chama-se Liberdade de Expressão.
O que mais posso dizer, a questão da liberdade de expressão, da conduta esperada dos líderes de uma nação, a destruição da imagem dos que se propõem a trazer ao centro da discussão os assuntos mais delicados, a linha tênue entre a crítica livre e o jogo político. Todas essas são questões que merecem nossa reflexão, e de certa forma, somos responsáveis, e nossas ações e omissões afeta todos esses temas.
Finalizo esse artigo propondo que vocês reflitam sobre vossas condutas, vossas ações, omissões, e tentem encontrar vossas responsabilidades em tudo isso. Hajam a favor do Brasil e esqueçam suas afinidades partidárias e ideologias rancorosas, conduzam suas mentes para sentir nojo do Mensalão do PT assim como o do PSDB. Eu já me desapeguei, não consigo me ver representado, e estou preparando um artigo sobre isso, sobre como agir enquanto cidadão sem tender para um lado ou um grupo. E então, Joaquim Barbosa está certo? Existem mesmo partidos de mentirinha que não representam ninguém? Existem políticos que buscam o poder pelo poder? Ou tudo isso Barbosa só pode falar no plenário do STF? Vocês têm a palavra, vocês têm o poder.

Comentários

  1. Os cientistas não poderiam clonar uns 10 ministro Joaquim Barbosa?

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  2. O poder pelo poder......eu diria o poder pelo dinheiro, tenho 33 anos e em nenhum momento da minha vida me senti representado por politicos, votamos em partidos ou políticos que consideramos menos ruins.....fica mais uma pergunta, isso é democracia? Não me sinto em um Estado de direito!! A sociedade não consegue eleger políticos que possam representar seus ideias, pois não existem nas listas partidárias essa opção.
    Alan

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